quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Um pouco da economia atual

O Brasil fora das cadeias produtivas globais

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-brasil-fora-das-cadeias-produtivas-globais,1001501,0.htm

Rubens Barbosa *
Nem o governo nem o setor privado parecem perceber as transformações que ocorrem no comércio internacional, com profundas repercussões no Brasil. E os novos desafios são, em geral, minimizados pelos formuladores de decisão nos ministérios da área econômica e no Itamaraty.


O governo declara ter uma "política comercial cautelosa" por não querer abrir mão de seu projeto nacional de desenvolvimento e por julgar que, tendo uma indústria diversificada, o Brasil não se deve engajar nos acordos de cadeias produtivas, que levariam a alguma especialização no contexto produtivo.

O processo de globalização vem sofrendo modificações aceleradas, com a tendência de concentração da produção de manufaturas em poucos países e a fragmentação da produção de bens industriais. Nos últimos 20 anos, o comércio das cadeias produtivas (supply chain trade) vem crescendo gradualmente. Trata-se do intercâmbio de bens, investimentos, serviços e tecnologia associado às redes internacionais de produção, que combinam a inovação dos países desenvolvidos com salários baixos dos países em desenvolvimento.

No comércio das cadeias de suprimento, o investimento produtivo dos países desenvolvidos só vai ocorrer desde que certas regras e reformas que garantem a proteção dos bens tangíveis e intangíveis das empresas sejam adotadas pelos países emergentes e em desenvolvimento e caso haja integração da cadeia produtiva no intercâmbio global.

As redes de inovação-produção-comercialização encontram-se dispersas em empresas e países. A ampliação das cadeias produtivas globais e o crescente intercâmbio de partes e componentes está mudando a forma de tratar as trocas tradicionais de bens e serviços. A industrialização e a produção de manufaturas dependerá da participação dos países em desenvolvimento nessas cadeias produtivas de maior valor agregado. Ao ficar de fora do circuito das cadeias produtivas globais, a maioria dos países em desenvolvimento, o Brasil incluído, passa a concentrar suas exportações em commodities e suas exportações de manufaturados tornam-se cada vez mais reduzidas.

A incorporação das cadeias de produção global nos mega-acordos de livre-comércio, como o eventual acordo EUA-União Europeia, representa um desafio adicional, pois traz de volta preocupações geopolíticas para o comércio internacional. Considerações de política externa levam as duas regiões a tentar superar diferenças comerciais em função de interesses comuns para a prevalência de normas internacionais e valores e para a contenção da China.

O mundo está se multipolarizando rapidamente e a produção e as cadeias produtivas estão se multilateralizando. A crescente aceitação desse novo modelo de desenvolvimento pelos países asiáticos e alguns latino-americanos representa um grande desafio para os países emergentes como a China, a Índia, o Brasil e a Rússia, que relutam em aceitar a lógica dos atuais fluxos de investimento e do comércio.

A Organização Mundial do Comércio (OMC) procura regular e facilitar o intercâmbio tradicional - que diz respeito a bens produzidos num determinado país e vendidos em outro - com regras que dificultem ou eliminem as barreiras na fronteira (tarifas) e visem a penalizar a competição desleal (subsídios e dumping) com medidas compensatórias. As novas regras do comércio das cadeias produtivas começam a ser definidas de forma ad hoc nos acordos de comércio regional (como os dos EUA com países da Ásia e com a Europa), tratados bilaterais de comércio e de investimento (como os dos EUA e da Europa com a Coreia do Sul e com o países da América Latina) e por meio de reformas unilaterais dos países em desenvolvimento.

Os acordos regionais de livre-comércio (10 acordos dos EUA, 11 do Japão e 58 da União Europeia, segundo a OMC) registram 52 regras, das quais 38 não estão incorporadas à OMC; 14 tocam em disciplinas cobertas pelas regras da OMC, mas vão além delas (OMC plus); 12 das 52 regras estão presentes em 80% dos acordos firmados pelos EUA. A maioria das disposições legalmente obrigatórias são uma ampliação das regras existentes na OMC sobre propriedade intelectual (Trips), garantia de investimento (Trim), serviços, movimentos de capital e cooperação aduaneira.

A nova governança global, portanto, está sendo formada à margem das discussões multilaterais da OMC, com profundas consequências para os países em desenvolvimento.

O Brasil, sem estratégia de negociação comercial e com dificuldades para criar um mercado regional para seus produtos, integrados numa cadeia produtiva regional com os demais países, a exemplo do que ocorre na Ásia e na Europa, está cada vez mais isolado e dificilmente poderá beneficiar-se dessas novas tendências do comércio internacional. Os países que integram a Aliança do Pacífico - México, Chile, Colômbia e Peru - firmaram acordos com os EUA, com a Europa e com a China e estão inseridos no contexto dinâmico dos acordos regionais de livre-comércio. A fragmentação da produção e a exclusão das negociações externas começam a afetar o comércio externo brasileiro de manufaturas pela perda de sua competitividade e pela concorrência da China.

Se a política do governo Dilma Rousseff visando ao fortalecimento da indústria nacional der certo, sem o Brasil estar integrado ao dinâmico intercâmbio da cadeia produtiva global, o máximo que o País pode almejar no longo prazo é manter a produção industrial para o mercado interno com medidas protecionistas, para compensar a maior competitividade dos produtos importados.

O mundo não vai esperar o Brasil. Ou o Brasil recupera o tempo perdido e reformula a sua estratégia de negociação comercial externa, ou vai tornar-se cada vez mais isolado no mundo real do comércio global e de investimentos.

* Rubens Barbosa é presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Agenda




FORMAÇÃO, PESQUISA E PRÁTICAS
DOCENTES: REFORMAS CURRICULARES
EM QUESTÃO

15 a 19 de setembro de 2013 | João Pessoa - PB

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Atualidade

 Divulgação - Lapis/Ufal Imagem de satélite de quinta-feira (14) mostra ponto iluminado entre Estados do Mato Grosso e Tocantins que seria o meteoro que atingiu a Rússia
  • Imagem de satélite de quinta-feira (14) mostra ponto iluminado entre Estados do Mato Grosso e Tocantins que seria o meteoro que atingiu a Rússia
Imagem captada pelo satélite europeu Meteosat-9 e recebida por uma estação no Brasil mostra que o meteoro, que explodiu no céu da Rússia e deixou pelo menos mil feridos, cruzou o céu brasileiro no final da tarde de quinta-feira (14).
Segundo o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite da Universidade Federal da Alagoas (Lapis), onde fica a estação que recebeu a imagem, um feixe de luz com a aproximação do meteoro foi captado às 17h20 (horário de Brasília) cruzando a divisa entre os Estados do Mato Grosso e Tocantins.
Para o meteorologista e coordenador do Lapis, Humberto Barbosa, a imagem deixa claro que o meteoro passou pelo país antes de chegar e explodir na Rússia. "O satélite realmente detectou o meteoro no Brasil. Não há como afirmar se naquele momento ele estava sobre o Brasil ou ainda se aproximando. Mas foi visto de um satélite que está a 36 mil km, do lado do hemisfério sul, onde o Brasil esta localizado", explicou.

Meteoro explode no céu da Rússia 

Meteoro explodiu na região de Tcheliabinsk, nos Montes Urais (Rússia), nesta sexta-feira (15). Autoridades informaram que a explosão provocou danos em prédios e casas e deixou cerca de 500 feridos Leia mais Oleg Kargopolov/AFP
Barbosa afirma que a imagem mostra o meteoro da atmosfera. "O formato que vemos na imagem é muito parecido com formato de um meteoro entrando na atmosfera –que se estende por várias dezenas de km da Terra. Pelo formato da imagem, em algum momento, parece que ele atingiu parte da atmosfera da Terra", explicou.
Segundo o cientista, apesar da clareza da imagem captada pelo satélite, não é possível afirmar a distância e a velocidade com que o satélite passou pelo país. "O satélite está na mesma velocidade de rotação da Terra. Comparando com um carro, é como você estar dirigindo e olhar um feixe de luz no retrovisor. Você não consegue afirmar a velocidade do carro, nem exatamente onde ele está", completou, citando que as imagens a serem analisadas vão ajudar a entender melhor o fenômeno.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

América Latina


Argentina à beira de uma ditadura

Jornal do Brasil

Sergio Sebold *
Sem sombra de dúvidas, a Argentina é o país  de maior grau de politização da America Latina. É uma  sociedade bem informada e tem participado ativamente em todos os movimento sociais que por lá pipocam.  Os recentes movimentos de massa da população pela insatisfação da política da presidente Cristina Kirchner deixa um ponto de interrogação no país vizinho. As manifestações que se tem visto pela mídia demonstram um descontentamento generalizado sobre as políticas que estão sendo implementadas no país. A forma sui generis desenvolvida do panelaço pacífico bem demonstra o grau político da sociedade do nosso vizinho.   
As poderosas centrais sindicais Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA) e a Central Geral dos Trabalhadores (CGT) a tempo vem enfrentando uma quebra de braço com o governo de Cristina. O arrocho fiscal pela retirada de certas vantagens de benefício social, em outras épocas suportáveis, agora tem forte resistência das massas graças ao alto grau político da sociedade. 
Alem do panelaço, as centrais estão ocupando as principais entradas da cidade (Buenos Aires) para paralisar totalmente a circulação dos bens necessários à sociedade num confronto  aberto  com o governo.  O braço do grupo dos caminhoneiros ligados à CGT pretende paralisar a economia. Outros setores importantes da economia aumentam o caldo de insatisfação contra Cristina, como serviços municipais, bancos, postos de gasolina, taxista e outras categorias.  
O congelamento de preços para redução da inflação (extraoficialmente em 25% ao ano), onde o poder de compra da classe média e baixa está se deteriorando — através do corte de incentivos fiscais —permitirá ao Estado recolher mais para si. Dinheiro retido esfria inflação tirando de circulação parte do consumo mensal do trabalhador. O desemprego está indo para as nuvens. Para manter o equilíbrio fiscal, o governo vem cortando diversos subsídios, diretos e indiretos, concedidos em outras épocas (transporte público, por exemplo), que criou falsa impressão de desenvolvimento social e econômico. O controle artificial do câmbio, pela supervalorização do peso, estatização de empresas, novas concessões de benefícios sem sustentabilidade, são medidas de curto prazo para apagar  incêndio. Este é o cenário de endividamento público estratosférico. Este filme já foi visto na Grécia. 
A deterioração da economia, principalmente no comércio internacional, pela suspensão generalizada de importações — inclusive do Mercosul — está levando a uma condição econômica insustentável. Como consequência, o mercado financeiro internacional começa virar as costas para o país.
O setor industrial está em extinção, justamente o que mais emprega, ficando o país cada vez mais dependente da produção agrícola para exportação. Agricultura não é uma grande absorvedora de mão de obra e de baixo valor agregado. Logo o kirchnerismo está empurrando a nação para um beco sem saída. 
A paciência dos cidadãos está se esgotando, as manifestações estão cada vez mais violentas, pressionando Cristina, que não consegue mais esconder as dificuldades de administrar as necessidades da sociedade.
Recentemente, tem havido saques em diversas cidades do país, aflorando o desespero das pessoas. Os saques de 2001 por comida agora foram além pelo  vandalismo, pela insatisfação. O governo está perdendo as rédeas, com risco de uma anarquia social. O tecido social começa a entrar em colapso. Para complicar, Cristina (popularidade de 36%) comprou uma briga com a imprensa através da Lei de Mídia. Com este calderão será difícil completar seu mandato, e Cristina será forçada a renunciar, abrindo caminho para uma ditadura. Em qualquer direção, de direita ou de esquerda, será um retrocesso político. 
 * Sergio Sebold, economista, é professor
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sábado, 9 de fevereiro de 2013

TEM GEOGRAFIA NO CARNAVAL


Carnaval 2013: A geografia do samba na cidade de São Paulo


Uma pesquisa preciosa e detalhada sobre o samba paulista transformada em livro traz o que há de melhor para os amantes do gênero. O geógrafo e pesquisador Alessandro Dozena relata, após suas muitas andanças e estudos, como o ritmo se espalhou pela Capital. “A Geografia do Samba na Cidade de São Paulo”, da Editora PoliSaber, que possui 264 páginas com fotos e mapas ricamente coloridos é um marco para aqueles que frequentam as agremiações, rodas de samba, as festas, ruas temáticas e até os botequins espalhados por todas as regiões, os quais têm o samba correndo em suas veias.
Carnaval de SP
(Foto: Divulgação/Prefeitura de São Paulo)
 Carnaval 2012 na cidade de São Paulo
Do nascimento do ritmo nos chamados guetos até a transmissão via satélite do maior espetáculo da Terra – os Desfiles das Escolas no Sambódromo - muita coisa aconteceu. São Paulo apresenta uma vigorosa manifestação cultural associada ao samba. Ponto de encontro de todas as musicalidades – das mais modernas às tradicionais, das populares às eruditas, brasileiras e estrangeiras, além daquelas presentes no sertão e no litoral. 
“O samba é um elemento de afirmação de identidade relacionado ao processo histórico nacional brasileiro, capaz de trazer a identidade e o autoconhecimento à coletividade. Mais do que uma modalidade musical, ele se tornou um elemento central na cultura brasileira, amplo sistema de práticas e representações sociais, uma complexa teia de sentidos e significados com densa impregnação na paisagem urbana. Seu principal formato moderno é o carnaval. Nas últimas décadas, São Paulo passou por uma alteração significativa, de cidade fortemente industrial para uma cidade prestadora de serviços variados. A dinâmica turística passou a incorporar festas, e no caso do samba, o carnavalsurgiu como um novo produto com apelo turístico, voltado ao espetáculo”, diz Dozena.
Para ele, surgiram trabalhos que buscam as interfaces entre o espaço geográfico e a cultura, tratando de temas variados como música, religião, turismo, identidade, patrimônio cultural, gêneros de vida, paisagem cultural, dentre outros. A partir dos anos 90 há no Brasil um aumento do interesse pela dimensão espacial da cultura. Um olhar geográfico sobre o samba contribui para uma melhor compreensão do mundo contemporâneo.
Movimentos como a Rua do Samba Paulista, Samba de São Mateus, Samba da Laje, Samba do Cafofo, Samba do Olaria, Samba da Maria Cursi, Comunidade Morro das Pedras, Moleque Travesso, Samba de Fato, Só quem é Negreiro, entre outros já conquistaram sambistas como Leci Brandão e Beth Carvalho. Baluartes paulistanos (inclusive muitos que já se foram) estão presentes no trabalho, como Toniquinho Batuqueiro e Geraldo Filme, além de Seu Carlão do Peruche e Adoniran Barbosa, só para citar alguns dos muitos sambistas que contribuíram para esta rica história direta ou indiretamente.
A lógica da concentração territorial da produção cultural do samba na cidade de São Paulo está atrelada a fatores econômicos. Para a pesquisa, o autor contou com inúmeros colaboradores importantes, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) que financiou a obra por meio do programa de bolsas de estudo. O sambista Osvaldinho da Cuíca comentou sobre a obra, além de escrever a ‘orelha’ do livro: "Esse debate, com seu intercâmbio entre acadêmicos e populares, é de vital importância. Ficam, então, os meus parabéns e o meu ‘viva’ ao samba de todos os pedaços!"

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Geografia na Prática

O ensino de Geografia nas escolas de nível fundamental e médio conta com a criatividade dos professores que põem em prática elementos que auxiliam os alunos a imaginar e visualizar o espaço terrestre.

Com materiais de baixo custo, sucata ou material descartável, é possível melhorar as aulas de Geografia para dar ao aluno meios para apreender e perceber alguns fenômenos ou conceitos geográficos importantes. No Curso de Geografia do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista, Campus de Rio Claro (SP), é oferecida para os alunos de Licenciatura, como disciplina obrigatória do currículo, a aula de "Instrumentação para o Ensino de Geografia". O curso é ministrado em um laboratório didático (Laboratório de Apoio ao Ensino de Geografia - LAEGE), vinculado ao Departamento de Geografia, com aulas práticas, correspondentes a uma série de "projetos", que objetivam dar ao futuro professor os meios para melhorar seu desempenho didático.
Técnicas simples e práticas
O ensino de técnicas simples e práticas para a produção de instrumentos didáticos já faz parte do cabedal incorporado pelo aluno (futuro professor) que deve, a partir daí, colocar em prática sua criatividade para enriquecer suas aulas, particularmente voltadas ao ensino fundamental e médio.
Não raro, ao entrarem no mercado de t rabalho, muitos alunos sentem necessidade de recorrer ao LAEGE para adquirir alguns "projetos" e imprimir mais dinamismo em suas aulas. Aliás, a disciplina "Instrumentação" está aberta para receber professores de nível fundamental e médio, assim como alunos-ouvintes, sem qualquer custo. Para tal, basta a inscrição no início do período letivo.


EXEMPLOS: Como fazer o interior da Terra? Separe o globo de isopor em duas partes e, numa delas, coloque um dos pedaços de papelão cortado em círculo de modo que se encaixe um pouco abaixo do contato entre as duas semiesferas.
Divulgação / Shutter Stock Images
Corte ao meio a esfera de isopor de 100 mm que sobrou, de modo que a metade da esfera seja colada no meio do papelão já fixo numa das semiesferas, formando o Núcleo da terra  ; na outra semiesfera, faça um buraco em forma de círculo, de modo que ao acoplar as duas semiesferas, uma se encaixe perfeitamente na outra. Pinte a meia esfera (o Núcleo) colada no centro do papelão encaixado na semiesfera, num degradê de vermelho mais intenso no centro e menos intenso nas bordas; pinte em torno (o Manto), também em degradê, do alaranjado ao amarelo, na direção das bordas do círculo, até próximo da Crosta, que poderá ser pintada de duas cores (uma na parte interna, marrom, representado o SIMA e a externa, verde, representado o SIAL).