sexta-feira, 26 de abril de 2013

Pesquisa


Hidrelétricas podem afetar sistema hidrológico do Pantanal Por Elton Alisson

Agência FAPESP – O projeto de construção de mais 87 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) na Bacia do Alto Paraguai, em discussão atualmente, pode afetar a conectividade do planalto – onde nasce o Rio Paraguai e seus afluentes – e a planície inundada do Pantanal – por onde as águas desses rios escoam –, dificultando o fluxo migratório de peixes e outras espécies aquáticas e semiaquáticas pelo sistema hidrológico.
O alerta foi feito por pesquisadores durante o terceiro evento do Ciclo de Conferências 2013 do BIOTA Educação, que teve como tema o Pantanal. O evento foi realizado pelo programa BIOTA-FAPESP no dia 18 de abril, na sede da FAPESP.
De acordo com José Sabino, professor da Universidade Anhanguera-Uniderp, o impacto das PCHs já existentes na região da Bacia do Alto Paraguai não são tão grandes porque, em geral, baseiam-se em uma tecnologia denominada “a fio d’água” – que dispensa a necessidade de manter grandes reservatórios de água.
A somatória das cerca de 30 PCHs existentes com as 87 planejadas, no entanto, pode impactar a hidrologia e a conectividade das águas do planalto e da planície da Bacia do Alto Paraguai e dificultar processos migratórios de espécies de peixes do Pantanal, alertou o especialista.
“A criação dessas PCHs pode causar a quebra de conectividade hidrológica de populações e de processos migratórios reprodutivos, como a piracema, de algumas espécies de peixes”, disse Sabino.
Durante a piracema, o período de procriação que antecede as chuvas do verão, algumas espécies de peixes, como o curimbatá (Prochilodus lineatus) e o dourado (Salminus brasiliensis), sobem os rios até as nascentes para desovar.
Se o acesso às cabeceiras dos rios for interrompido por algum obstáculo, como uma PCH, a piracema pode ser dificultada. “A construção de mais PCHs na região do Pantanal pode ter uma influência sistêmica sobre o canal porque, além de mudar o funcionamento hidrológico, também deve alterar a força da carga de nutrientes carregada pelas águas das nascentes dos rios no planalto que entram na planície pantaneira”, disse Walfrido Moraes Tomas, pesquisador do Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal (CPAP) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no Mato Grosso do Sul, palestrante na conferência na FAPESP.
“Isso também poderá ter impactos nos hábitats de espécies aquáticas ou semiaquáticas”, reiterou Tomas. De acordo com o pesquisador, o Pantanal é uma das áreas úmidas mais ricas em espécies do mundo, distribuídas de forma abundante, mas não homogênea, pela planície pantaneira.
Alguns dos últimos levantamentos de espécies apontaram que o bioma possui 269 espécies de peixes, 44 de anfíbios, 127 de répteis, 582 de aves e 152 de mamíferos.
São necessários, no entanto, mais inventários de espécies para preencher lacunas críticas de conhecimento sobre outros grupos, como o dos invertebrados – sobre os quais ainda não há levantamento sobre o número de espécies –, além de crustáceos, moluscos e lepidópteros (ordem de insetos que inclui as borboletas), que ainda são pouco conhecidos.
“Uma iniciativa que vai nos dar uma grande contribuição nesse sentido será o programa Biota Mato Grosso do Sul, que começou ser implementado há três anos”, disse Tomas.
Inspirado no BIOTA-FAPESP, o programa Biota Mato Grosso do Sul pretende consolidar a infraestrutura de coleções e acervos em museus, herbários, jardins botânicos, zoológicos e bancos de germoplasma do Mato Grosso do Sul para preencher lacunas de conhecimento, taxonômicas e geográficas, sobre a diversidade biológica no estado.
Para atingir esse objetivo, pesquisadores pretendem informatizar os acervos e coleções científicas e estabelecer uma rede de informação em biodiversidade entre todas as instituições envolvidas com a pesquisa e conservação de biodiversidade do Mato Grosso do Sul.
“Começamos agora a fazer os primeiros inventários de espécies de regiões- chave do estado e estamos preparando um volume especial da revista Biota Neotropica sobre a biodiversidade de Mato Grosso do Sul, que será um passo fundamental para verificarmos as informações disponíveis sobre a biota do Pantanal e direcionar nossas ações”, disse Tomas à Agência FAPESP.
“Diferentemente do Estado de São Paulo, que tem coleções gigantescas, Mato Grosso do Sul não dispõe de grandes coleções para fazermos mapeamentos de diversidade. Por isso, precisaremos ir a campo para fazer os inventários”, explicou.
Espécies ameaçadas
Segundo Tomas, das espécies de aves ameaçadas, vulneráveis ou em perigo de extinção no Brasil, por exemplo, 188 podem ser encontradas no Pantanal. No entanto, diminuiu muito nos últimos anos a ocorrência de caça de espécies como onça-pintada, onça-parda, ariranha, arara-azul – ave símbolo do Pantanal – e jacaré.
E não há indícios de que a principal atividade econômica da região – a pecuária, que possibilitou a ocupação humana do bioma em um primeiro momento em razão de o ambiente ser uma savana inundada com pastagem renovada todo ano – tenha causado impactos na biota pantaneira.
“Pelo que sabemos até agora, nenhuma espécie da fauna do Pantanal foi levada a risco de extinção por causa da pecuária”, afirmou Tomas. Já a pesca – a segunda atividade econômica mais intensiva no Pantanal – pode ter impactos sobre algumas espécies de peixes.
Isso porque a atividade está focalizada em 20 das 270 espécies de peixes do bioma pantaneiro, em razão do tamanho, sabor da carne e pela própria cultura regional.
Entre elas, estão o dourado, o curimbatá, a piraputanga (Brycon hilarii), o pacu (Piaractus mesopotamicus) e a cachara (Pseudoplatystoma reticulatum) – um peixe arisco encontrado em rios como Prata e Olho D’água, que pode chegar a medir 1,20 metro e pesar 40 quilos.
“Há indícios de que, pelo fato de a pesca no Pantanal ser direcionada a algumas espécies, a atividade possa reduzir algumas populações de peixes”, disse Sabino.
Além de Sabino e Tomas, o professor Arnildo Pott, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), de Campo Grande, também proferiu palestra, sobre a origem, evolução e diversidade da vegetação do Bioma Pantanal. 
Estratégias de conservação
Os pesquisadores também chamaram a atenção para o fato de que, atualmente, apenas cerca de 5% do Pantanal está protegido por unidades de conservação. E que muitas das espécies de animais da região, como a onça- pintada, a ariranha e a arara-azul, por exemplo, não são protegidas efetivamente, porque ficam fora dessas unidades de conservação.
“A conservação de espécies ameaçadas no Pantanal requer estratégias mais amplas do que apenas a implantação ou gestão das unidades de conservação”, destacou Tomas. “São necessárias políticas de gestão de bacias hidrográficas e de remuneração por serviços ecossistêmicos para assegurar a conservação de espécies ameaçadas.”
Organizado pelo Programa BIOTA-FAPESP, o Ciclo de Conferências 2013 tem o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento do ensino de ciência. A quarta etapa será no dia 16 de maio, quando o tema será “Bioma Cerrado”. Seguem-se conferências sobre os biomas Caatinga (20 de junho), Mata Atlântica (22 de agosto), Amazônia (19 de setembro), Ambientes Marinhos e Costeiros (24 de outubro) e Biodiversidade em Ambientes Antrópicos – Urbanos e Rurais (21 de novembro). 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Mercosul


Brasil condiciona volta do Paraguai ao Mercosul à entrada da Venezuela no bloco


   A presidente Dilma Rousseff pretende telefonar ainda nesta segunda-feira ao presidente e leito do Paraguai, Horacio Cartes. O gesto marcará oficialmente o reconhecimento do Brasil à escolha do novo líder.


A avaliação de integrantes do governo brasileiro é de que o Paraguai só deve retornar ao Mercosul após o Congresso de lá aprovar a adesão da Venezuela ao bloco, e depois de uma análise por parte dos países que integram o grupo econômico.
O Paraguai foi suspenso do Mercosul após a controversa deposição do então presidente Fernando Lugo, em junho passado. Na ocasião, Brasil, Argentina e Uruguai decidiram pela entrada da Venezuela à revelia do Paraguai, o único país que resistia à medida.
Segundo a Folha apurou, observadores brasileiros baseados no país vizinho estão otimistas quanto as chances de readmissão, mas não prevêem o retorno antes de agosto, mês da posse de Horacio Cartes.
Primeiro, afirmam interlocutores da presidente Dilma, é preciso saber o resultado da eleição do Senado para então avaliar se haverá maioria simpática à votação.
Para o Brasil, o Partido Colorado deve usar a morte de Hugo Chávez como pretexto para quebrar resistências no Congresso e encaminhar a proposta de adesão do país hoje governado por Nicolás Maduro. Esperam, ainda, que o próprio Horacio Cartes lidere uma ação interna para viabilizar a proposta.
Durante a campanha, o novo presidente disse que, para ele, a Venezuela "está dentro do Mercosul" e considerou o ingresso legítimo, mesmo tendo a reprovação do Senado paraguaio.
RECONHECIMENTO
O Brasil é o único dos três países-fundadores do Mercosul que ainda não reconheceu oficialmente o novo presidente do Paraguai, o colorado Horacio Cartes. O país está suspenso do bloco desde junho passado, após o contestado impeachment-relâmpago de Fernando Lugo.
Em seu Twitter, a presidente argentina, Cristina Kirchner, felicitou na noite de ontem o colorado e disse "esperá-lo no Mercosul".
"Seu lugar está ali no Mercosul junto a todos nós, como sempre", disse Cristina. "De novo estamos completos na América do Sul. É preciso."
Ela disse ter telefonado para o novo presidente paraguaio na noite de domingo. "Do outro lado da linha, escuto a voz de Horacio Cartes saudando-me com muita alegria", afirmou.
O presidente uruguaio, José Mujica, também telefonou para o vizinho. Segundo um comunicado da Presidência, Mujica convidou Cartes para a próxima cúpula do Mercosul, que será em junho, em Montevidéu. Disse ainda que pretende estar na posse do colorado.
"É muito importante que se tenham celebrado estas eleições com normalidade e que o país-irmão viva a democracia em sua plenitude", disse Mujica, segundo o comunicado.
O governo de Nicolás Maduro, na Venezuela --país que entrou para o Mercosul enquanto o Paraguai estava suspenso--, parabenizou Cartes e espera a volta da democracia no país e que o novo governo "retome o caminho da democracia e da justiça social".
O candidato colorado venceu com 45,8% dos votos, contra 36,9% obtidos pelo liberal Efraín Alegre, do partido do presidente Federico Franco.
Com informações de ISABEL FLECK, enviada especial a Assunção.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Conflitos no campo


MST começa protestos e fecha rodovias pelo país nesta quarta-feira

Carlos Madeiro Do UOL, em Maceió


O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) realiza, nesta quarta-feira (17), uma série de mobilizações em todo o país para lembrar os 19 mortos no massacre de Eldorado dos Carajás (PA), ocorrido há exatos 17 anos. São prometidos 1.800 bloqueios em rodovias e estradas vicinais de 1.800 municípios -todos por 19 minutos, com cada minuto lembrando uma das vítimas do massacre.
As manifestações fazem parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, também conhecido como "Abril Vermelho". Foram promovidos atos em vários Estados, com protestos e ocupações de terra e prédios públicos.
Este ano, a jornada do MST também cobra a presidenta Dilma Rousseff a lançar um plano emergencial para o assentamento das 150 mil famílias no País. Segundo o movimento, o atual governo é o que menos assentou trabalhadores desde governo Fernando Collor.
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Abril Vermelho de 20118 fotos

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04.abr.2011 Entidades ligadas à agricultura familiar, o MSTI e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fazem protesto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, nesta terça-feira. O MST programa para todo o mês de abril uma jornada nacional de lutas, conhecida como "Abril Vermelho". Entre as ações do Abril Vermelho, estão ocupações e invasões de terras Leia mais Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Distrito Federal

Em Brasília, uma marcha em direção ao STF (Supremo Tribunal Federal) deixou o trânsito congestionado no eixo monumental, nesta manhã, e causou irritação de motoristas. Na capital federal, o protesto é para cobrar celeridade no julgamento de causas fundiárias.
Segundo o MST, há 523 processos judiciais envolvendo a reforma agrária no Brasil, dos quais 234 estão parados na Justiça Federal.
Em Belo Horizonte, os sem terra fecharam o anel rodoviário, no início da manhã, e causaram um grande congestionamento no bairro Betânia, região oeste da capital mineira.
Além de lembrar o massacre de Eldorado, o movimento cobra também a condenação dos fazendeiro Adriano Chafik, acusado de ser mandante do Massacre de Felisburgo, ocorrido no Vale do Jequitinhonha, em novembro de 2004, quando cinco sem terra foram mortos e 20 ficaram feridos. O julgamento está marcado para 15 de maio.

São Paulo

Vários grupos do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) prometem fazer hoje o maior protesto enfrentado pela gestão de Fernando Haddad (PT). Eles têm a intenção de reunir 10 mil pessoas em frente à sede da Prefeitura de São Paulo, no viaduto do Chá, no centro da capital.
Pela manhã, Haddad disse que é natural a ansiedade do movimento de moradia. No entanto, afirmou que não é de "bom tom" que os sem-teto queiram escolher as pessoas responsáveis pela negociação por parte da Prefeitura.
Os líderes do movimento se recusam a negociar com o secretário de Habitação, José Floriano de Azevedo Marques Neto, do Partido Progressista, o mesmo de Paulo Maluf, e com um interlocutor escolhido pela pasta.
"Se a pessoa se recusa a dialogar, o diálogo se torna impossível", disse o prefeito. "São muitos anos sem produção de moradia. O movimento está ansioso", afirmou Haddad
"Vamos conviver com isso porque não se constrói moradia do dia para a noite. As moradias estão mapeadas e nos próximos dias nós vamos anunciar nosso plano de ação."
Ele afirma que para cumprir a promessa de construir 55 mil unidades é necessário "mirar" um número maior. "Temos cerca de 90 mil moradias mapeadas.

Paraná

No Paraná, o MST informou que foram fechadas 20 rodovias nesta manhã. Foram bloqueadas estradas em Cascavel, Ramilândia, Clevelândia, Renascença, Londrina, Guairaçá, Nova Esperança, Santo Inácio, Faxinal, Tamarana, Porecatu, Arapongas, Pitanga, Ivaiporã, Ponta Grossa, Rio Bonito do Iguaçu, Quedas do Iguaçu, Luiziana, e Mandaguari.
Além disso, cerca de 150 sem terra realizam um ato em frente ao Tribunal de Justiça. O MST cobra, no Estado, o julgamento dos crimes ocorridos em causas fundiárias. No Estado, o movimento contabiliza 19 assassinatos, entre 1994 a 2009, e somente quatro foram julgados.

Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, cerca de 1.500 integrantes do MST e de outros movimentos ocuparam o prédio da Secretaria de Educação do Estado, em Porto Alegre. Eles exigem do governo investimentos na educação pública nas áreas de assentamentos.
Uma comissão de representantes dos movimentos foi recebida pela secretária-adjunta, Maria Olalia, que recebeu a pauta de reivindicações dos sem terra.

Pernambuco

Em Pernambuco, Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o MST realizou protestos fechando a BR-101 nos municípios de Xexéu, Escada e Goiana. Outro protesto ocorreu na BR-408, em Paudalho.
Mais de 350 famílias realizaram cinco ocupações desde o último domingo (14) no Estado. Os sem terra ocuparam fazendas e usinas em Petrolina, Catende, Arcoverde, Itaquitinga e São Caetano.
Segundo o MST, em Pernambuco existem 163 acampamentos, com mais de 16 mil famílias à espera da reforma agrária. O movimento denuncia que, em 2012, apenas uma nova área foi desapropriada e cobram celeridade na reforma agrária.

Alagoas

Em Alagoas, os sem terra fazem uma marcha até o Fórum de Atalaia (a 45 km de Maceió). A cidade foi escolhida por conta da violência fundiária. O MST lembra a morte de três líderes: Chico do Sindicato, morto em 1995, e José Elenilson, assassinado em 2000, e o diretor do MST Jaelson Melquíades, moorto e 2005.
Também como protesto, a BR-316 foi bloqueada. Os sem terra também seguirão em carreata para a Maceió, onde devem acampar na praça Sinimbu, que fica em frente à superintendência do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Alagoas.

Ceará

No Ceará, cerca de mil integrantes do MST ocuparam, nessa terça-feira, um terreno às margens do Canal do Trabalhador, em Pacajus (região metropolitana de Fortaleza). Segundo a direção do MST, a mobilização no Ceará é para exigir políticas públicas de combate aos efeitos da seca na região, além de investimentos estruturais em assentamentos e acampamentos, além da reforma agrária no Estado.
Os agricultores reclamam que as áreas de assentados e acampados vive em "situação crítica", com a falta rotineira de água, a perda do rebanho e da produção agrícola por causa da longa estiagem.
Os manifestantes ocuparam a sede do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra às Secas) para pedir uma reunião com representantes de órgãos federais e fazer reivindicações para amenizar os problemas causados pela estiagem prolongada.
Segundo o MST, está marcada audiência com o governador Cid Gomes (PSB) para essa quinta-feira (18), quando serão discutidas questões ligadas à estrutura de assentamentos e acampamentos e ações de combate aos efeitos da seca.

Invasões na semana

Os sem terra realizaram também, esta semana, uma série de ocupações pelo país. Na manhã dessa terça-feira, cerca de 4.000 trabalhadores e trabalhadoras rurais ocuparam o Ministério da Fazenda, em Porto Alegre, onde prometem permanecem acampados por tempo indeterminado.
Eles reivindicam a criação de uma Política Nacional Camponesa, que apresente "alternativas aos limites enfrentados no campo para acesso ao conhecimento, à saúde, à moradia, ao saneamento básico, ao lazer e à cultura, assim como a garantia das condições técnicas para a produção de alimentos saudáveis."
Em Eldorado dos Carajás, trabalhadores rurais iniciaram, como já é tradição, o acampamento pedagógico da juventude, que acontece até hoje, quando os jovens vão fechar a rodovia próxima ao acampamento. Também foram realizados protestos e ocupações, este mês, no Estados de Alagoas, Bahia, Paraíba e Rio de Janeiro.

terça-feira, 9 de abril de 2013

AGENDA

MAIS EVENTOS :

V Colóquio Nacional do NEER - As Representações Culturais no Espaço: Perspectivas contemporâneas em Geografia 2013. Em http://www.geografia.ufmt.br/neer/








Em: http://www.vigeosaude2013.com.br/menu-apresentacao.html

Em http://www.cubambiente.com/


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Atualidade

Margaret Thatcher morre aos 87 anos

Fonte:  http://blogs.estadao.com.br/estadao-urgente/morre-a-ex-primeira-ministra-britanica-margaret-thatcher/

A ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, que permaneceu no cargo entre 1979 e 1990, morreu nesta segunda-feira, 8, aos 87 anos após sofrer um derrame, informou seu porta-voz. Apelidada de “dama de ferro” em razão de seu estilo autoritário, a primeira mulher a ocupar o cargo de premiê no Reino Unido sofria e mal de Alzheimer havia alguns anos e não falava em público desde 2002, quando sofreu uma série de pequenos derrames.
“É com grande tristeza que Mark e Carol Thatcher anunciaram que sua mãe, a baronesa Thatcher, morreu em paz após um derrame nesta manhã, disse o lord Tim Bell. A família ainda deve fazer um pronunciamento mais tardeSeus três mandatos consecutivos, que totalizaram 11 anos no poder, fizeram dela uma das principais figuras da política mundial do século 20 e, embora estivesse afastada da vida pública, sua doutrina conservadora, o “thatcherismo” continua a ter influência política.

Dama de Ferro:  


Margaret Thatcher nasceu em 1925, em Grantham, uma pequena cidade no leste da Inglaterra, filha de pais metodistas que administravam uma pequena mercearia. Batizada Margaret Roberts, herdou o sobrenome com que ficou famosa na política mundial ao casar-se com o empresário Denis Thatcher, aos 26 anos, em 1951. As raízes conservadoras da carreira política daquela que se tornou a primeira mulher a governar uma democracia entre as grandes economias do Ocidente, reeleita para três mandatos sucessivos como primeira-ministra do Reino Unido, podem ser encontradas nos seus anos de universitária, em Oxford.
Foi durante a faculdade de Química que Margaret começou a colocar as ideias conservadoras trazidas de casa - seu pai, Alfred Roberts, era um conselheiro político local em Grantham - em prática, ao ser eleita para presidir a Associação dos Estudantes Conservadores de Oxford. E assim a jovem Margaret teve seus primeiros contatos com muitos políticos conhecidos e fez com que seu partido soubesse de sua existência, justamente no momento em que os conservadores enfrentavam sua maior derrota para os trabalhistas, nas eleições de 1945.
O fato é que foram necessários apenas cinco anos para que ela se tornasse nacionalmente conhecida na Inglaterra, ao disputar a vaga dos trabalhistas em Dartford pelo Partido Conservador, em 1950. Margaret foi a mais jovem candidata mulher daquelas eleições gerais no país, com apenas 25 anos. Ela perdeu a vaga naquele ano e no ano seguinte, mas a campanha eleitoral a fisgou.
Margaret Thatcher só foi eleita pela primeira vez para o Parlamento em 1959 como representante de Finchley, um condado ao norte de Londres. Ela só ocupou seu primeiro posto de maior evidência no governo, entretanto, quando os conservadores retornaram ao poder, em 1970, com o premiê Edward Heath, em cujo governo Thatcher serviu como ministra de Educação. O cargo lhe rendeu anos difíceis e os primeiros de uma sucessão de desafios que lhe renderia o famoso título de "dama de ferro".
Primeiro mandato Em 1979, quando Thatcher assumiu o cargo de primeira-ministra, a economia britânica fraquejava. Ela adotou o Monetarismo de Milton Friedman, da escola de Chicago, como política econômica, ao mesmo tempo em que removia subsídios e regulações do Estado na economia. Como consequência, o país enfrentou uma quebradeira de empresas ineficientes, uma disparada no desemprego e a escalada da inflação. Nesse ambiente, Thatcher elevou impostos e reduziu a oferta de moeda para conter a inflação, deixando para trás as políticas de estímulo monetário do pós-guerra e colecionando críticas de 364 economistas renomados reunidas num manifesto.
Com o colapso de sua popularidade - apenas 23% em dezembro de 1980 -, a primeira-ministra britânica recebeu uma ajuda da invasão argentina, em 1982, às Ilhas Falkland, conhecidas como Malvinas na Argentina. Ao decidir defender a soberania britânica sobre as ilhas, Thatcher viu sua popularidade se beneficiar do fervor patriótico gerado pela disputa e pela vitória das forças britânicas. Nas eleições gerais de 1983, o Partido Conservador liderado por Thatcher venceu por grande maioria e confirmou o segundo mandato da primeira-ministra.
Foi neste segundo período no poder que a conservadora levou adiante uma série de iniciativas que ficou conhecida como Thatcherismo: a privatização da maioria das indústrias administradas pelo governo, incluindo os serviços de abastecimento de água, eletricidade e ferrovias, todos vendidos para a iniciativa privada, além da redução de gastos com serviços sociais. Ela também enfrentou os sindicatos, aprovando leis concebidas para coibir as greves que assolavam o país. Suas iniciativas geraram um dos eventos mais críticos de seu governo: a greve dos mineradores, em 1984, que protestavam contra o fechamento de minas que não eram lucrativas. Thatcher mobilizou os britânicos de forma a pressionar os mineiros e forçá-los a voltar ao trabalho sem qualquer concessão.
A forte oposição da primeira-ministra britânica ao comunismo da União Soviética - que ela apresentava como um demônio que deveria ser combatido - lhe rendeu o título de "Dama de ferro", atribuído pela imprensa soviética e logo adotado pelo Ocidente. Essa posição, alinhada com Reagan, foi alvo de críticas mundo afora por sustentar a Guerra Fria até a chegada de Mikhail Gorbachev ao poder.
A queda Seus últimos anos no governo do Reino Unido foram novamente marcados por baixíssima popularidade e sucessivas pesquisas que mostravam os trabalhistas à frente dos conservadores numa potencial eleição. Foi das próprias fileiras de seu partido, entretanto, que Thatcher recebeu o golpe final: insatisfeito com a posição radicalmente contrária da primeira-ministra à entrada da Inglaterra na zona do euro, seu vice e último membro remanescente de seu gabinete de 1979, Geoffrey Howe, renunciou em 1º de novembro de 1990. Duas semanas depois, seu discurso repleto de críticas à Thatcher no Parlamento alimentou a reação dos conservadores. 
Após sofrer diversos pequenos derrames em 2002, ela anunciou que, por recomendação médica, iria se retirar da vida pública. A deterioração de sua saúde ao longo dos anos seguintes culminou com um colapso durante um jantar na Câmara dos Lordes, em março de 2008. Após o episódio, sua filha Carol afirmou que a demência de sua mãe ficou explícita quando Thatcher confundiu a guerra das Malvinas com a guerra da Iugoslávia. 
Desde então, a ex-primeira-ministra deixou de comparecer a compromissos públicos alegando problemas de saúde, como a festa de seus 85 anos em Downing Street, a convite do premiê David Cameron, e o casamento do príncipe William com Kate Middleton, em abril de 2011. No início de 2012, Thatcher não compareceu a um jantar oferecido pela rainha Elizabeth II aos ex-primeiros-ministros do Reino Unido. Em dezembro, pouco antes do Natal, a Dama de Ferro passou por uma cirurgia para remover um crescimento na bexiga, detectado após a ex-primeira-dama sentir desconforto. A operação, segundo seu conselheiro de longa data, Tim Bell, foi "completamente satisfatória". (Equipe AE)